Foto: Anne Geier (créditos)
A alopecia androgenética
A alopecia androgenética é popularmente conhecida como calvície e, apesar de ocorrer mais em homens, também podem acometer as mulheres.
Os fatores envolvidos são a predisposição genética e a ação de hormônios masculinos – que nós também temos – em áreas como o couro cabeludo.
O que ocorre é um progressivo afinamento capilar e uma miniaturização do folículo, até o dia em que este se torna incapaz de produzir novos fios. Esse afinamento e essa miniaturização acontecem pela metabolização da testosterona em di-hidrotestosterona (DHT), por meio da ação da enzima 5-alfa-redutase, que age nos receptores dos folículos pilosos. Esses receptores, em quem tem a predisposição genética, são mais abundantes, e estão mais concentrados no topo da cabeça. Por isso, essa é a região, tanto em homens, como em mulheres, que podem potencialmente ficar “carecas”. Nos homens, são percebidas as famosas “entradas”; nas mulheres, a risca que divide nosso cabelo ao meio vai se alargando cada vez mais, o volume como um todo diminui bastante e o topo do couro cabeludo fica mais aparente.
O ciclo de crescimento capilar fica muito mais curto. Os cabelos já nascem muito finos e enfraquecidos, e logo se desprendem do folículo. Da mesma forma, existe uma fase de latência maior (período sem pelos no folículo) entre as fases anágena e a telógena. A boa notícia é que existem tratamentos para mitigar a alopecia androgenética. Se iniciados precocemente, é até possível recuperar parte do volume perdido.

O processo de miniaturização dos fios. Imagem: Master Editora
Os medicamentos utilizados objetivam a diminuição da ação da enzima 5-alfa-redutase na conversão de testosterona para DHT, e o prolongamento da fase anágena no ciclo capilar. Para o primeiro caso, a finasterida é a mais utilizada, principalmente aos homens; às mulheres, pode ser receitada a espirolactona, que é um medicamento anti-androgênico, e loções com 17 alfa estradiol (Avicis); para o segundo caso, o mais utilizado é o Minoxidil, tanto para homens, quanto para mulheres.
A finasterida é, contudo, um medicamento controverso, devido aos seus sérios efeitos colaterais. Atualmente, muitos estudos estão sendo feitos para a busca de compostos mais naturais e menos agressivos que possuam a mesma ação da finasterida.
Os finasteride-like
Saw Palmetto

O saw palmetto (Serenoa repen) é uma planta nativa da América do Norte, bastante utilizada para a saúde masculina. Alguns estudos de qualidade demonstraram que o saw palmetto consegue inibir a ação da 5-alfa-redutase e diminuir a concentração de DHT nos folículos, ainda que a taxa de eficácia seja um pouco menor que a da finasterida. Por ser um tratamento natural e com alguma eficácia comprovada, vem sendo prescrito para o tratamento da alopecia androgenética (AAG).
Actrisave™
O Actrisave foi desenvolvido pelo laboratório Galena. De acordo com a farmacêutica, “Actrisave™ é composto por antocianina contida no arroz negro Oryza sativa (L.), rico em nutrientes (proteínas e minerais como ferro, manganês e selênio) e flavonoides da flor do cacto Opuntia ficus indica (L.), que garantem efeito sinérgico na redução da miniaturização do fio capilar por inibir a enzima conversora 5-alfaredutase.”
Esse fitoterápico parece ser uma ótima alternativa também! O problema é o seu alto custo; e o pouco estudo sobre a sua eficácia.
Chá verde

Foto: Andreia Torres
O chá verde (Camellia sinensis, L.) é rico em cafeína, taninos (polifenóis), vitaminas A, B e E, e é um antioxidante natural.
Ele também vem sendo bastante estudado no combate à AAG e a tantas outras condições. Inúmeros são os seus benefícios. Contudo, é importante ressaltar que o consumo excessivo de chá verde pode fazer mais mal do que bem. É sempre bom tomá-lo em baixas dosagens.
Estudos, principalmente internacionais, puderam comprovar que o chá-verde consegue inibir a ação da 5-alfa-redutase. Com esse intuito, a melhor maneira é utilizá-lo na forma de extrato ou de óleo prensado a frio, diretamente no couro cabeludo, seguido de massagem.
O Minoxidil
É o medicamento mais utilizado no combate à AAG e à queda de cabelo em geral. Ele é um potente vasodilatador, usado, primariamente, para o tratamento da hipertensão. O Minoxidil age no engrossamento dos fios e no prolongamento da fase de crescimento capilar (anágena). Pode ser prescrito em forma de loção ou em cápsulas orais.
Ele possui alguns efeitos colaterais não muito agradáveis. O primeiro é o crescimento de pelos por todo o corpo (principalmente se o uso for oral), até em áreas mais andrógenas, como barba e bigode (hirsutismo).
Eu nunca tive muitos pelos nas pernas e nos braços, e agora tenho percebido um aumento deles. Porém, não é que o Minoxidil faça surgir novos folículos – ele apenas estimula o crescimento de pelinhos já existentes, mas que antes não percebíamos.
Outro efeito temido que pode acontecer é o “shedding”: o Minoxidil acelera a fase telógena dos fios, para iniciar “logo” a fase anágena. Então, parece que, ao começar o tratamento, há uma piora na queda. Contudo, o Minoxidil está apenas antecipando uma troca que já iria acontecer.
Nem todo mundo sofrerá com esses efeitos e os ganhos com uso do Minoxidil superam tais adversidades.
O alecrim

Os estudos sobre o óleo essencial de alecrim no combate à queda capilar ainda estão em sua fase inicial. Entretanto, algumas pesquisas apontaram para um efeito similar ao do Minoxidil, só que com menos reações adversas.
É importante lembrar que a concentração de uma solução com óleo essencial de alecrim não deve ultrapassar a diluição de 3%. Pode-se também utilizar outros produtos que o contenham, como shampoos e tônicos.
Outros tipos de alopecia
A alopecia areata ocorre, geralmente, por fatores hormonais e situações de intenso estresse. Ela causa a perda de fios em locais específicos do couro cabeludo, o que induz ao aparecimento de áreas circulares calvas. Para saber mais, acesse: https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/alopecia-areata-artigo/
A alopecia cicatricial causa uma perda definitiva dos fios em determinados locais do couro cabeludo. Para saber mais, acesse: http://fabianacaraciolo.com.br/blog/alopecias-cicatriciais/
Fatores hormonais
Podem ser uma grande causa da queda capilar. Há um destaque para distúrbios da tireoide, como o hiper ou o hipotireoidismo, os quais, muitas das vezes, são causados por doenças autoimunes, como a Tireoidite de Hashimoto e a Doença de Graves.
Como a glândula tireoide é responsável por todo metabolismo do nosso corpo, bem como pelo seu bom funcionamento, suas disfunções podem influenciar o ciclo de crescimento capilar, e ocasionar a sua queda. É muito importante a consulta com um/a endocrinologista para saber mais sobre os distúrbios da tireoide, já que estas são doenças comuns na população brasileira, e que acometem bastante as mulheres.
Fui diagnosticada com Graves em 2013, mas, atualmente, as taxas hormonais (TSH, T4 e T3…) estão controladas. O meu maior problema hormonal, no momento, é o desequilíbrio causado pela parada do anticoncepcional.
Foram 5 anos tomando um anticoncepcional fortíssimo. Por meio de exames laboratoriais, pude ver que as taxas de testosterona estão acima do normal, e as de progesterona, abaixo. Meu ciclo menstrual ainda está bastante desregulado.

O que ocorre é que a quantidade maior de estrogênio dos contraceptivos hormonais faz “segurar” o cabelo por mais tempo – a fase de crescimento é prolongada. É por isso que, durante a gravidez, o cabelo costuma crescer mais rápido e ficar mais cheio (nosso organismo fica recheado de estrogênio!). Com essa interrupção, o corpo entra em desequilíbrio, e os hormônios androgênicos, antes “latentes”, ressurgem de forma desarmônica. Da mesma forma, no meu caso, eu tomava um anticoncepcional que continha progestina antiandrogênica. A sua falta, que ocorreu de forma abrupta, pôde também ter bagunçado tudo!
Se a queda for causada apenas pela parada do anticoncepcional, ela terá um prazo certo para acabar. Entretanto, se outros fatores hormonais estiverem associados, como alguma disfunção tireoidiana, é imprescindível a consulta com um/a endocrinologista, para que se inicie um tratamento específico, e faça cessar a queda intensa do cabelo e outras adversidades.
Dermatite seborreica
A dermatite seborreica é uma afecção inflamatória crônica, causada pelo fungo malassezia sp, em indivíduos com essa propensão. Durante a puberdade, a doença pode piorar, devido à ação de hormônios sexuais masculinos. Algumas pesquisas investigaram a origem dessa doença, e hipóteses que se relacionam com hereditariedade, com o sistema imunológico, e com a higiene não suficiente foram levantadas (Caneiro et al 2011).

A dermatite seborreica é popularmente conhecida como “caspa”. Com ela, no couro cabeludo, pode ocorrer escamação (a própria caspa), vermelhidão e crostas amareladas e ardidas, que eu chamo de “massinha”. Ela também pode atingir outras áreas do corpo, como o rosto, atrás das orelhas, as axilas, a virilha, entre outros.
Ela pode causar a queda de cabelo, pois o couro cabeludo passa por inflamações intermitentes. Quando sofremos com o eflúvio telógeno, o momento mais temido do dia é o lavar dos cabelos. Por isso, muitas pessoas evitam lavá-los, e isso agrava o quadro!
Infelizmente, a dermatite seborreica não tem cura, mas ela pode ser controlada. Ela também não significa falta de asseio, mas quem tem essa propensão deve lavar os cabelos com maior frequência, inclusive todos os dias, e nunca com água quente! É muito importante massagear bem o couro cabeludo no momento do shampoo. Não deixe de fazê-lo por medo de quebrar as unhas – para isso, evite a colocação de unhas postiças muito grandes.
É também extremamente necessário que retiremos todo o shampoo, e evitemos passar cremes e condicionadores no couro cabeludo.
O tratamento pode ser feito com shampoos antifúngicos específicos, como o cetoconazol, o sulfeto de selênio, e com soluções como o propionato de clobetasol. Consulte seu/sua dermatologista antes de iniciar o tratamento contra a seborreia!
E é claro, podemos (e devemos) recorrer a métodos naturais! Os melhores óleos essenciais contra a seborreia são o de tea tree, o de sálvia, o de limão siciliano (usar em baixa concentração), o de tomilho. Óleos vegetais são o de copaíba, o de chá verde, o de neem.
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