É muito comum, principalmente entre pessoas mais conservadoras, pensar que os EUA são um país modelo, extremamente avançado e que “deu certo”, enquanto o Brasil é atrasado, pobre, fuleiro e “deu errado”. É observável o desejo que essas pessoas possuem de passar férias por lá, ou mesmo de ir morar lá, de apropriar-se da cultura e de venerar tudo que é proveniente no país.

Certamente, os EUA são a maior economia do mundo, a maior potência bélica e o centro do sistema capitalista global. Há uma imensa riqueza concentrada no país e o dólar é o padrão monetário internacional – é a moeda mais estável e mais forte do mundo. Se o inglês é a língua mundial, principalmente nos negócios internacionais, sinto dizer, não é por causa da terra da Rainha.

Porém, quem realmente tem interesse em conhecer os EUA, sair um pouco da imagem vendida por eles de Disney, Miami, Padrão de beleza branco, Hollywood e fast food, vai notar que nem tudo é esse mar de rosas. Eu sempre digo que os EUA souberam mais que nunca vender uma imagem de perfeição do país, ao mesmo tempo em que ocultaram muito bem os grandes problemas e atrasos culturais que marcam também a história do país.

1. Racismo: Assim como no Brasil, a população negra dos EUA sofre com racismo e uma profunda exclusão social. Fico triste quando escuto pessoas que pensam que o “verdadeiro americano” é o branco, loiro e de olhos claros, e a verdadeira americana, mesmas características. Assim como no Brasil, os EUA foram uma colônia e tiveram escravidão. A população negra é imensa e como aqui, excluída e marginalizada.

2. Fundamentalismo cristão: assim como no Brasil, e principalmente nos rincões no país, o fundamentalismo cristão é responsável por um grande atraso cultural por exaltar preconceitos tais como o próprio racismo, o machismo e a homofobia. Igrejas cristãs mais conservadoras chegam a proibir crianças de irem à escola, porque nela ensina-se a teoria da evolução de Darwin e não o Criacionismo de Gênesis.

3. Machismo: A cultura norte-americana como um todo é bastante machista e patriarcal.

Basta ver que essa ideia de mulher bela, recatada e do lar foi muito vendida por lá durante o século XX e até hoje o é. As mulheres de lá também sofrem com desigualdade salarial, sexismo profissional e discriminação de gênero no mercado de trabalho como um todo. A cultura do estupro é muito forte e são corriqueiros os casos de estupros cometidos em universidades, dentro dos lares e mesmo o “estereótipo do estupro” – quando a mulher anda na rua, sozinha, à noite e é atacada. O feminicídio é altíssimo, e eu nem me recorro a dados estatísticos. Basta ver programas sobre crimes reais e notar que a maioria das vítimas é mulher. A maioria esmagadora, e elas morrem por serem mulheres… O marido que mata a esposa para ficar com a amante, receber pensão e não ficar com o estigma de divorciado… O ex-namorado “furioso” que não aceitou o término do relacionamento… O marido que mata a sogra pra ficar com a herança da família… O colega da faculdade que mata a menina após ter cometido estupro em festinha… E por aí vai.