Foto: Thaís Vilela

Alguma data de 2013…

Talvez o maior desafio de nossas vidas seja conhecer a nós mesmas. Ninguém quer encarar o monstrinho que vive dentro da gente, ninguém quer conhecer o eu mais profundo que nos habita. Porque é difícil mesmo lidar com aquilo que realmente somos, apesar de ser a melhor coisa que deveríamos fazer.

Por isso, nós vivemos fugindo de nós mesmas o tempo inteiro. Ficar sozinha é um disparate, temos que ter alguém o tempo todo ao nosso lado. E não raro temos o respaldo da carência para estar sempre à procura de alguém, alguém que vá nos “completar” e suprir todo essa vazio que sentimos.

Ledo engano.

Não há ninguém que possa curar esse tal vazio que não seja nós mesmas. Ninguém tem que nos completar, pois já somos completas. Não há melhor companhia no mundo que a nossa própria companhia. Se somos felizes sozinhas, seremos felizes ao lado de qualquer um. Caso contrário, se procuramos a felicidade em outra pessoa, seremos sempre infelizes e ainda corremos o risco de fazer a outra pessoa infeliz, porque colocamos expectativas demais, de forma egoísta e injusta, em alguém que não tem obrigação alguma de dar uma felicidade que não lhe pertence.

Não é errado passar um tempo solteira, aproveitar tudo que a vida nos oferece, dedicar mais à profissão ou a novos planos, amadurecer e saber realmente o que queremos. Quando nos conhecemos melhor, tornamo-nos aptas a fazer escolhas mais certeiras, evitamos cair em ciladas, dizemos mais “nãos” com convicção, nós nos resguardamos mais e não entregamos nosso coração a uma pessoa que não está disposta a fazer o mesmo. Evitamos sofrimentos e, com várias decepções acumuladas no passado, podemos nos esquivar de tantas outras, porque sabemos o que queremos, sabemos se devemos ficar ou não, tentar ou não, continuar ou não.

A sociedade sempre cobrou que a mulher esteja em um relacionamento com vistas ao casamento, porque só assim eles nos vêem como mulheres completas, e isso contribui para a nossa autocobrança de ter que estar SEMPRE com alguém.

Se a gente chega em um encontro de família, logo vem a pergunta: ah, você está tão bonita! Está namorando??? Cadê o namorado????

Bem, só aí vemos duas coisas que resumem nosso valor nessa sociedade tão cruel com as mulheres:

  1. Ser bonita
  2. Ter um homem

Não me perguntam sobre como está indo meu curso superior, sobre o que pretendo fazer na minha carreira, sobre meu novo emprego, sobre minhas vivências no exterior, sobre como estou amadurecendo intelectualmente, nada disso conta. E isso nos chateia. Mas também nos faz ficar paranoicas para encontramos um namorado e para nos adequarmos aos padrões de beleza. Aí surgem as dietas malucas, a negação do corpo, a busca incessante pelo cabelo perfeito, a pele lisa, o peso ideal. E contribui para sentirmos que algo está errado, pois estamos sem namorados!

Enquanto, na verdade, tudo está absolutamente normal e perfeito. 

E quando nos conhecemos bem e realmente bem, quando buscamos aumentar cada vez mais nosso autoconhecimento, isso já não nos transtorna mais. Temos consciência do que somos e do que queremos. Buscamos crescer como pessoa, alimentamos nosso interior, aumentamos o nosso amor-próprio. Nós aprendemos a nos amar, para então amar plenamente outra pessoa.

Encontramos nossa essência e o que virá depois é bom, mas é acessório, está sujeito a vir, mas a ir embora também. E vamos sim nos relacionar, quando encontrarmos uma pessoa que queira o mesmo que buscamos. Sem pressa, já que a melhor companhia que poderíamos ter já foi encontrada.

🙂

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