Velha ideia da dicotomia bem x mal, um dos princípios do pensamento fascista que vem assolando a população brasileira. Foto: B9
01/01/2017. Acordo com uma ressaca imensa de 2016. 2016 é um ano que não acabou e não vai acabar tão cedo.
O desmonte do Estado é real, o esfacelamento das políticas sociais e o aniquilamento dos direitos e das garantias fundamentais também.
O retrocesso perdurará por muito mais de 20 anos. Parece que cada passo tímido de progresso dado nesse país, ao menos dois de recuo nulificam qualquer melhoria ou esperança de avanços.
O som das panelas agonizou meus ouvidos por quase 2 anos, as conseqüências apenas me confirmam de que algo ruim já estava por vir, e 2016 foi o inicio da materialização desse pressentimento.
A notícia mais comentada de 2017 é de um caso de feminicídio, de machismo e misoginia em meio a uma chacina. Comentários do P.i.G apenas confirmam que estamos mesmo engatinhando no que tange ao combate à desigualdade de gênero.
Vejo política completamente confundida com teocracia.

Vejo um massacre em um presídio e o total descaso do seu maior responsável, o estado.
Vejo os que bradam contra os direitos humanos sem saber o que estão falando, os que ululam contra o “sistema feminista” e que pretendem virar uma espécie de mártir por meio de um assassinato brutal. E muitos que o defendem e culpabilizam a vítima, assassinada.
Depois de assistir a manifestações contra corrupção feitas por pessoas vestindo camisas da CBF, a pessoas que batiam panelas de barriga cheia, a apelos pela volta de governos ditatoriais, a juiz político fora da lei, a uma instituição que se tornou um verdadeiro monstro criado pela CF/88 agindo de forma arbitrária, por pura convicção, a um “impeachment” sem crime de responsabilidade, à morte da democracia, à assunção de um governo usurpador, à aprovação de uma emenda constitucional que destruirá o que restava do estado de direito… Mensagens de paz, esperanças, etc, não me fizeram o maior sentido…

Porém, durante a viagem de volta à BH, sob uma chuva torrencial e um transito infernal, lembrei-me de 2018. Será que poderei depositar alguma esperança nesse ano que talvez não mais exista para a democracia? Será que me conformo com um 2017 arrastado, assim como fora 2016, para que “depois da tempestade chegue a bonança”?
Preciso encontrar o otimismo que quase enterrei, em algum lugar, ano passado, mas que ainda pode estar vivo. Afinal, 2016 estará tão mais vivo como nunca.