Foto: Diário de Pernambuco

As tais “manifestações” de verde e amarelo pedindo “escolas” e “hospitais” “padrão FIFA” nunca me enganaram. Reparei que todo aquele que se diz “apolítico”, “apartidário” e que era a favor da derrocada de um governo democrático saía às ruas bradando velhos clichês de “estou aqui por mais saúde e educação” (…)….

Para a sociedade média brasileira, utilizar os serviços públicos é motivo de vergonha, de chacota, de humilhação, de constrangimento. Cobram na internet que os governantes façam os tais investimentos, mas ônibus é coisa de pobre, SUS é coisa de pobre, escola pública é coisa de pobre.

Muitos “reclamam” que pagam impostos ao governo, mas, contraditoriamente, não querem usufruir dos serviços públicos que ajudam a manter. Ao invés de clamarem por melhorias e avanços, como de praxe de todo entreguista que se diz patriota, ululam por seu fim.

Fiquei abismada com a capacidade de os paneleiros permanecerem em silêncio diante da aprovação da PEC 55, que vai desmontar o Estado, incluindo a educação e a saúde pública (O SUS). Porém, na verdade, não precisaria me surpreender, pois essas pessoas não estão preocupadas com a qualidade dos serviços públicos, na realidade, se mostram completamente indiferentes quanto à sua existência. Utilizá-los é “sinônimo de pobreza”, e isso é a última coisa à qual a classe média ingrata quer ser associada.

A primeira vez que fui à Europa tive um choque de realidade. Vi que todas as pessoas, independentemente de classe, cor, gênero, utilizam o transporte público. Aliás, o transporte coletivo é extremamente apreciado e valorizado por elas. Descobri que universidades na França e na Itália, por exemplo, são completamente gratuitas, todos têm a oportunidade de estudar nelas, não só uma elite privilegiada, como por aqui, antes do SISU e da política de cotas. Fiquei sabendo do sistema de saúde pública inglês, o NHS, motivo de orgulho dos ingleses, mas que também o SUS não fica para trás… Só que, aqui, utilizar nosso sistema público de saúde é motivo de vergonha e rebaixamento para os alienados. (vide caso da atriz cuja nora realizou seu parto em um hospital público).

Entretanto, a Europa só possui uma alta qualidade em seu sistema público porque toda a população foi engajada na luta pelo estado de bem-estar social. Por aqui, vejo só desprezo pelo que é público, vejo só classismo e segregação social e racial por parte dos mais abastados.

Quando morei na França, estudei na universidade pública, usufrui do transporte público, passei mal um dia e fui atendida no sistema de saúde pública deles.

Não sei porquê, mas minha vontade maior não foi de morar na França para sempre… Foi de que o Brasil, com todos os seus recursos, toda a sua capacidade, todo o seu sistema de serviço público, se tornasse como a França.

O que impede o avanço do Brasil no estado de bem-estar social são os seus próprios habitantes, principalmente aqueles que fazem parte da classe média e alta midiotizada, elitista, odiosa, entreguista, antinacionalista e alienada. São aqueles que depreciam e inferiorizam tudo que é feito no país, são aqueles que acham que EUA é modelo de estado a ser seguido. São aqueles que dormem felizes, num governo completamente anti-democrático, mas do qual um partido demonizado diuturnamente pela mídia hegemônica já não faz parte.

São os “patriotas” mais entreguistas e antinacionalistas dos quais tenho conhecimento.

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