Foto: M de Mulher (Créditos)

Depois de ter escrito as dicas para um Natal mais sustentável, pensei que seria interessante escrever sobre o Carnaval também, mesmo que eu não seja a mais animada das foliãs desse Rio de Janeiro!

Nas poucas vezes em que fui a bloquinhos, eu me senti uma poluidora-mor, em meio a tanto lixo jogado no chão, Glitter de microplásticos espalhados pelo meu corpo, saquinhos de sacolé que ficaram para trás, fantasias de plástico que se desfaziam no meio do caminho… Porém, eu descobri que não é nada difícil curtir o feriado – que é, talvez, o mais esperado do ano – de forma sustentável.

Aqui vão dicas preciosas e completamente alcançáveis para mudarmos pequenos hábitos, mas que farão uma diferença enorme para o meio ambiente! Nada de desculpas, como “Glitter sustentável é caro e eu não encontro”, ou “não tenho criatividade para fazer minhas fantasias, então preciso comprá-las no Saara”. Há maneiras simples, fáceis e baratas para pular o carnaval com maior responsabilidade ambiental. Vamos lá!

1. Use sempre Glitters biodegradáveis

Glitterizada sim. Sustentável também.

Os Glitters “comuns” são nada mais do que microplásticos, um dos maiores causadores da poluição das águas e da morte de diversos animais marinhos.

Essas partículas, após saírem do nosso corpo pelos ralos, passarão batido na etapa do tratamento do esgoto, e terão os rios e os mares como destino certo. Nós podemos evitar isso de uma maneira muito fácil e acessível.

Leia mais em: Ecycle

glitter_ gazeta do povo
Bioglitter. Foto: Gazeta do Povo

Muitas marcas orgânicas produzem glitters biodegradáveis, como a Arielle Morimoto.

Olha só quantas cores lindas, preço super acessível e responsabilidade ambiental nota mil desses Glitters:

Glitter Arielle Morimoto

Outro site que também vende bioglitter, aqui no Rio, é o Aldeia Vegana. Tem várias cores e cada potinho custa somente R$8,90! A marca é a Bioglow.

Glitter Aldeia Vegana

Mais uma marca que achei, fuçando no Instagram, foi a Brilow:

Instagram da Brilhow

Por fim, eu mesma encontrei uma maneira de fazer Glitter em casa: comprei mica em pó, que é um composto mineral e natural. Existe mica em pó de várias cores e eu as comprei no Mercado Livre mesmo:

Mica em pó no Mercado Livre

Bacana, né? Não tem mais desculpas para usar Glitter de microplástico! 😀

2. Faça confetes com folhas das árvores

A natureza sempre dá presentes para a gente! Quantas folhas encontramos nas ruas da cidade, gratuitamente, esperando que as peguemos para fazermos confetes naturais com elas! Rsrs. Descobri isso há pouco tempo, e achei a ideia tão legal! É só pegar as folhinhas secas e fazer furos com o furador do seu escritório!

confete referencial verde
Confete de folhas secas. Foto: Referencial Verde

 

Outra opção é utilizar papeis de rascunho, que iriam para o lixo.

3. Antes de sair para o bloquinho, forre seu estômago com alimentos leves e de origem vegetal. Nas ruas, evite alimentos de origem animal (“churrasquinhos”) e que venham embalados em plásticos. Prefira as bebidas que venham em latinhas de alumínio.

Não tem como falar de sustentabilidade sem abordar a principal causadora de toda a poluição, de toda a destruição do planeta e das terríveis mudanças climáticas: a indústria da carne.

A comida de origem animal, além de ser péssima para as questões ambientais, também faz muito mal ao nosso corpo. Imagina ficar com aquela sensação de estômago pesado quando o trio estiver passando?

Também podemos evitar comprar somente salgadinhos embalados e extremamente industrializados para matar a larica. Bom, a minha dica, então, seria comer bastante em casa e levar, na mochila, lanches naturais.

embalagens de alumínio
Foto: Embalagens de Alumínio

Para as bebidas – mais importante do que a comida, não é mesmo rsrs – dê sempre preferência àquelas que vêm em latas de alumínio. O alumínio possui um valor maior para a reciclagem, e é um insumo que traz mais ganhos para os catadores de resíduos sólidos. O plástico possui baixo valor agregado e não é muito interessante para as cooperativas.

Por favor, tente sempre encontrar a lixeira mais próxima de você para deixar o seu resíduo. Se encontrar um/uma catador/a no meio do caminho, melhor ainda! 😀

4. Por falar nisso, leve sempre com você o seu “kit sustentável”!

O que seria esse kit sustentável? Ele engloba tudo que que seriam plásticos de único uso, tais como copos, canudos (Glória a Deuxxx que os de plástico foram proibidos no Rio, mas os de papel também exigem muitos insumos para serem produzidos), talheres, garrafas d’água.

kit Ilhabela
Exemplo de Kit Sustentável. Foto: Ilhabela

Que tal levar aquela caneca da facul que já vem até com a cordinha para pendurar no pescoço? Os copos de silicone também são bem práticos, pois ficam pequenininhos quando fechados. E nada de ficar comprando, toda a hora, garrafinhas d’água. Já estamos resistentes à geosmina! Leve a sua garrafa de casa – podem ser aquelas de alumínio, que deixam a água bem geladinha por várias horas (será possível neste calorrr do RJ?? Rsrs).

5. Reutilize suas fantasias. Use a criatividade para fazer suas próprias fantasias!

Eu sei que dá vontade de sempre comprar novas fantasias para o Carnaval. Aqui no Rio, o Saara fica enfestado de fantasias, os camelôs chegam sempre com novidades legais. Porém, elas são feitas, em sua maioria, de matérias nada sustentáveis, como paetês (lantejoulas) e tecidos sintéticos.

Se você já as comprou no ano passado, utilize-as todas novamente! Não compre mais, ainda que tenham surgidos modelos novos – fantasias nunca saem de moda. Use sua criatividade para criar fantasias com tecidos de algodão e com objetos que você já tem em casa – essas costumam ser as fantasias mais elogiadas!

partyou blog
Exemplo de fantasia criativa. Foto: Patyou Blog

Outra dica é trocar as fantasias entre amigas/os – nada como compartilhar as coisas para evitarmos um consumo que é, muitas vezes, exagerado e desnecessário.

Por fim, acho válido lembrar que, ainda que seja uma época em que “tudo é permitido”, fantasiar-se com referências a certos grupos de forma pejorativa não é legal. Como exemplo, temos fantasias de mulheres trans ou negras (a tão racista blackface), que devem ser, sim, banidas das festas de Carnaval. Podemos aproveitar essa época para nos tornamos pessoas mais responsáveis e conscientes! 😀

mensagens com amor
Isso não é fantasia! Isso é R-A-C-I-S-M-O. Se vir alguém assim nos blocos, denuncie! O embasamento legal a ser usado é a “Lei Caó” – Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989.

 

Bônus!

Bom, apesar de termos, atualmente, uma tentativa de campanha, já comprovada tão falha e desviada, com o tema “abstinência sexual” (sem comentários!!), nunca é demais lembrar aquela que é realmente eficaz: use camisinha! Entretanto, a maioria das camisinhas, infelizmente, não são sustentáveis, pois utilizam o látex de agriculturas intensivas, responsáveis por desmatamentos, e adicionam a proteína do leite – chamada caseína – para lubrificação.

changemakers
Camisinhas Veganas

Nas Europas, há uma marca vegana que faz muito sucesso – a “Einhorn”, mas que não possui vendas no Brasil. Fui pesquisando e descobri que a “Preserv” pode ser vegana – ela tem um preço muito acessível e está à venda em várias farmácias pelo Brasil. Tem vários modelos, várias espessuras e vários tamanhos. Legal, né?

Camisinhas Preserv

Um dos maiores erros que alguém que está à frente de políticas públicas pode cometer é achar que, ao não se falar sobre um problema, este vai ser automaticamente “resolvido”. É o famoso ditado: “tapar o sol com a peneira”. As pessoas fazem sexo, e as que ainda não o fazem, começarão, um dia, a fazer, por mais que se tentem negar. Quem quer ficar na “abstinência”, azar, tudo bem, o corpo é de cada um/a – mas não adianta querer impor essa visão de mundo a jovens que estão cada dia mais empoderadas/os e donas/os de si mesmas/os.

Para evitarmos que adolescentes iniciem a sua vida sexual de forma precoce, que as meninas engravidem na adolescência, que os jovens contraiam cada vez mais DSTs, que as crianças não sejam vítimas de abusos sexuais por pedófilos, é necessário que adultos conversem – E MUITO – sobre sexo com elas e eles. Sexo não pode ser um tabu. Se não há educação sexual na escola, como uma criança saberá que está sofrendo abuso sexual de um adulto? Como um jovem vai saber que, se não usar preservativo, poderá contrair uma DST ou engravidar sua parceira? Como uma menina vai saber que o anticoncepcional deve ser tomado todos os dias, no mesmo horário?

Bom, depois desse desabafo sociológico que eu sempre preciso fazer, fica a dica sobre mais um produto sustentável para ser usado neste Carnaval! 😀